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Aqui pretendo divulgar a Fonoaudiologia e outros assuntos relacionados à saúde e qualidade de vida.
Exponho um pouco do que sei e pratico, e também procuro repassar o que adquiro nos cursos que realizo.
Exponho também uma coletânea de textos de diversos sites(resultado das "viagens" que faço pelo mundo virtual e literário, estudando, lendo, pesquisando o que há de recente e interessante no mundo da Fonoaudiologia).
O corpo humano é uma máquina maravilhosa porém necessita de todo cuidado a fim de se preservar as suas capacidades e depende exclusivamente do meio ambiente em que está inserido.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Dia Internacional de Atenção à Gagueira

Dia 22 de outubro é o Dia Internacional de Atenção à Gagueira.
Na semana de 22 a 28 de outubro, haverá diversos eventos em todo o Brasil para divulgar a Campanha.
Mesmo com o avanço da sociedade, ainda hoje, pessoas sofrem preconceito e enfrentam problemas por apresentarem gagueira.
Embora para algumas pessoas possa “soar” como algo engraçado, o assunto é muito sério e merece toda atenção devida, e também a divulgação de informações a respeito.
No Brasil, a primeira campanha aconteceu só em 2005, mas o dia Internacional de Atenção a Gagueira (DIAG) foi criado no dia 22 de outubro de 1998 pela International Fluency Association (IFA - Associação Internacional de Fluência) e pela International Stuttering Association (ISA - Associação Internacional de Gagueira).
O objetivo de se criar esse dia especial à Gagueira é mostrar que essa dificuldade para quem vive o problema não tem graça alguma e que pode ser tratada.
Segundo os especialistas, todas as pessoas apresentam gagueira, em maior ou menor intensidade, dependendo da situação que estão vivendo. Mas, oficialmente, só 1% da população brasileira, ou quase dois milhões de pessoas, tem sua rotina alterada em função dos problemas na linguagem. Essa mesma pesquisa afirma que no mundo o número de pessoas que gaguejam ultrapassa a casa dos 60 milhões.
Essas estatísticas foram apresentadas no 1º Encontro Pernambucano de Atenção à Gagueira, na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), abrindo a Semana Internacional da Gagueira desse ano de 2010.

A gagueira , também chamada de disfemia, está codificada na “Classificação Internacional de Doenças” (CID-10) com os caracteres F98.5.
Assim sendo, a gagueira é cientificamente considerada como distúrbio ou transtorno de fluência da fala.
Ainda não se sabe com certeza a causa determinante da gagueira.
Algumas pesquisas apontam que a gagueira não tem uma única causa, podendo ser causada por vários fatores.
Existe o fator genético, que geralmente faz com que mais de um membro de uma mesma família seja afetado.
Existe o fator orgânico que se refere a situações onde o cérebro da criança foi agredido (por exemplo, partos muito demorados podem causar uma diminuição momentânea da oxigenação do cérebro do bebê e isso pode estar ligado ao aparecimento da gagueira no futuro).
Existe o fator social, o qual pode ser favorável ao aparecimento da gagueira quando o ambiente familiar ou escolar é muito agitado, quando as pessoas falam muito rápido ou com uma complexidade lingüística muito maior do que é adequada à idade da criança.
Por fim, existe o fator psicológico que pode fazer com a pessoa tenha insegurança ou medo na hora de falar; é importante deixar claro que alguns sintomas psicológicos são causa e outros são conseqüências da gagueira.
Os modelos mais aceitos no meio científico, no entanto, consideram a causa da gagueira como multifatorial, ou seja, todos estes fatores estariam envolvidos, em maior ou menor grau (dependendo do caso).
Mas estudos já confirmaram que fatores genéticos e nervosos podem contribuir para o agravamento do quadro e que o apoio da família e dos amigos, associado a tratamento fonoaudiológico e psicoterápico, pode reduzir os impactos econômicos, psicológicos e sociais que a patologia causa.

A gagueira é involuntária. A pessoa que gagueja não tem controle sobre a sua fala e muitas vezes não consegue evitar que aconteça, por mais que se esforce.
Ocorre uma dificuldade no cérebro em sinalizar o término de um som ou de uma sílaba e passar para o próximo som ou sílaba.
Explicando melhor: a pessoa consegue iniciar a palavra, mas sua fala “prende-se” em algum som ou sílaba (geralmente o primeiro) até que o cérebro consiga gerar o comando necessário para dar prosseguimento com o restante da palavra.
A pessoa, durante essa dificuldade do cérebro em gerar comandos para terminar um som ou sílaba no tempo previsto, apresenta manifestações: bloqueios, prolongamentos e/ou repetições de sons ou sílabas, e algumas outras vezes vem acompanhados por expressões faciais e corporais (os chamados “tics” ou comportamentos de apoio).
Em alguns casos de gagueira, essas manifestações externas não ocorrem ou ocorrem com pouca freqüência, caracterizando o que é conhecido como "gagueira encoberta".
Os sintomas e as sensações variam de pessoa pra pessoa. Como sintomas externos, a pessoa sente tensão muscular (no caso dos bloqueios) ou sente que não consegue mexer a língua ou os lábios (no caso dos prolongamentos e das repetições), ou ainda tremores na ponta da língua e mandíbula. Além disso, também há o lado emocional, onde a pessoa sente vergonha, raiva ou muitas vezes, grande frustração por não conseguir falar como deseja.

A fala é o meio de comunicação mais utilizado durante o nosso dia-a-dia.
Através da fala, buscamos atingir objetivos específicos, como: transmitir informações, exercer influência e poder, oferecer soluções para problemas, cultivar o humor, refletir sobre a estética dos ambientes, estimular o pensamento.
E uma pessoa que gagueja geralmente evita falar, e isso interfere quantitativa e qualitativamente nos objetivos atingidos.
Por exemplo: Num ambiente de trabalho, se a pessoa fala menos, seus colegas e chefes poderão não saber quais são seus verdadeiros interesses (o que pode comprometer o cargo que a pessoa ocupa), ela pode não defender seus pontos de vista (fazendo com que colegas e chefes não saibam o quanto ela pode ser inteligente e coerente), pode não conviver socialmente com os colegas como gostaria (sendo considerado “o isolado da turma”). No ambiente escolar, a pessoa que gagueja tende a participar menos durante as aulas, tende a não gostar de leituras em voz alta e provas orais, evita apresentação em seminários e discussões orais, o que interfere em suas notas e no desenvolvimento de seu potencial. No ambiente familiar, a pessoa que gagueja pode participar pouco das decisões familiares e pode discutir menos sobre situações que a desagradam, fazendo com que se sinta frustada. Com esses exemplos, já é possível perceber claramente que a gagueira pode afetar muito negativamente a vida de uma pessoa.

Na criança, a gagueira geralmente inicia entre 2 e 4 anos de idade. Na maioria dos casos, ocorre uma melhora espontânea em curto espaço de tempo após o aparecimento dos primeiros sintomas, sem mesmo ser necessário qualquer intervenção terapêutica. Mas não há como prever se essa melhora espontânea vai ocorrer ou não.
Alguns dos fatores que aumentam o risco da dificuldade perdurar são: sexo masculino, casos na família de gagueira ou fala rápida, presença de esforço para falar, recusa a situações de fala, a existência de outros familiares com gagueira, a ocorrência de complicações durante o parto (prematuridade, baixo peso ao nascer, hipóxia), ocorrência de traumatismo craniano com perda temporária da consciência, dentre outros.
Diante de um caso infantil, logo que surgem os primeiros sintomas da gagueira, o correto é os pais levarem a criança para ser avaliada por um fonoaudiólogo especializado em gagueira para saber se é mais alta a chance de a gagueira melhorar ou persistir, e também para que os pais sejam orientados quanto as condutas adequadas a serem tomadas diante das manifestações de gagueira, não incentivando que o quadro se instale.
Após uma avaliação específica, se o risco para gagueira for baixo, um acompanhamento periódico poderá ser feito, no qual se observará clinicamente a evolução da fluência da criança. Se o risco para gagueira for alto, o tratamento pode ser iniciado imediatamente, independente da idade da criança.
Não existe idade ideal para procurar ajuda profissional, devendo-se considerar a época em que a gagueira se manifestou na criança.
Os pais podem procurar atendimento com fonoaudiólogo especializado assim que a gagueira se manifestar.
Em qualquer idade, a gagueira tem tratamento. No entanto, quanto mais precoce a intervenção, maiores são as possibilidades de obter melhores resultados.
A Fonoaudiologia e outras especialidades médicas, dispõem de técnicas e procedimentos específicos para tratar a gagueira.
Até o momento, não existe nenhum tratamento que realmente cure a gagueira (no sentido de fazer com que a gagueira desapareça completamente sem que o indivíduo precise tomar nenhum cuidado adicional com sua fala).
Os tratamentos disponíveis não garantem uma “cura” completa e sim, promove uma diminuição significativa da gagueira, muitas vezes passando-se despercebível, mas poderão persistir alguns resquícios, mesmo que leves.
A terapia fonoaudiológica promove mudanças na maneira como o cérebro processa a fala. Isso pode ser comprovado através de exames de neuroimagem funcional. A terapia fonoaudiológica desencadeia mudanças funcionais no cérebro (melhoras tanto na fluência em si, como na forma de lidar com a gagueira), ativando regiões cerebrais que estavam menos ativadas.
Existem dois aspectos cruciais para se ter sucesso em terapia fonoaudiológica para a gagueira:
-Encontrar um profissional realmente capacitado para tratar gagueira.
Ser capacitado para tratar gagueira é diferente de ser habilitado para tratar gagueira.
Em princípio, todos os fonoaudiólogos estão habilitados para tratar gagueira. Entretanto, apenas uma minoria se especializa no tratamento da gagueira.
Dê prioridade para fonoaudiólogos especializados.
- A pessoa que gagueja e sua família devem estar suficientemente motivados e decididos para o tratamento. Durante a terapia fonoaudiológica, é necessário observar e analisar a gagueira, modificar atitudes frente à gagueira e treinar novos padrões de fala para que se alcancem resultados satisfatórios. Portanto, motivação e determinação são essenciais para que resultados positivos sejam alcançados.

A gagueira não impede ninguém de estabelecer vínculos com outras pessoas e de namorar, porque a gagueira não incapacita o indivíduo para expressar suas emoções e afetos.
O indivíduo que gagueja deve enfrentar a sua dificuldade de fala, enfrentar a realidade, buscar apoio e tratamento profissional, e não se furtar à vida em função de seu distúrbio de fala.

Geralmente são realizadas uma ou duas sessões por semana, com duração de 40 a 50 minutos cada.
O tempo de terapia depende de uma série de fatores, tais como: intensidade da gagueira, presença de outros distúrbios de fluência e/ou de linguagem, presença de outros distúrbios neurológicos ou psiquiátricos, idade do paciente, aderência do paciente ao tratamento e grau de especialização do fonoaudiólogo. Em média, os tratamentos duram de seis meses (casos mais leves) até dois anos (casos mais graves).
O fato de ter feito um tratamento fonoaudiológico para gagueira não implica nunca mais cogitar outro tratamento.
A gagueira pode se modificar ou se agravar com o passar do tempo devido ao surgimento de outras doenças, a novas experiências estressantes que foram vivenciadas ou ao próprio envelhecimento.

Embora ainda algumas pessoas relacionem a gagueira como sendo um distúrbio psicológico, tal concepção é inadequada.
Cientificamente a gagueira é considerada um distúrbio da fluência da fala, cujos sintomas geralmente surgem entre a primeira infância e o início da adolescência.
Assim, sendo um distúrbio da fluência da fala, deve ser tratada pelo fonoaudiólogo.
O psicólogo não possui formação para tratar de distúrbios da fala ou da fluência.
O profissional capacitado para tal tratamento é o fonoaudiólogo. Volto a ressaltar que nem todo fonoaudiólogo sabe tratar a gagueira.
A pessoa que gagueja não apresenta, necessariamente, qualquer problema psicológico e nem terá que se submeter obrigatoriamente a uma psicoterapia.
No entanto, há um tipo específico e extremamente raro de gagueira cuja causa é psicológica: a gagueira psicogênica. Este tipo de distúrbio não deve ser confundido com a gagueira que aparece durante a infância e a adolescência.
A gagueira psicogênica surge em adultos que, após um trauma psicológico, começam a gaguejar, embora nunca em sua vida tenham manifestado a gagueira. São indivíduos que, até antes do trauma sofrido, não tinham gagueira.
E nesse caso específico de gagueira psicogênica, a terapia psicológica é eficiente e necessária, contribuindo para o desaparecimento total dos sintomas e para a remissão do problema, porque se trata de um distúrbio cuja causa é psicológica.
E como o próprio nome já diz (gagueira psicogênica) não é um distúrbio da fluência da fala, mas um distúrbio psicológico, portanto não deve ser tratada por fonoaudiólogo, mas por psicólogo.
Em alguns casos, diante de um quadro de gagueira hereditária ou lesional, se os sintomas estiverem afetando negativamente a vida da pessoa em outras áreas, além da fala, é aconselhável procurar ajuda psicológica.
Em outras palavras: Quem trata da gagueira é o fonoaudiólogo. O psicólogo pode tratar dos problemas pessoais e sociais que decorram da gagueira,

Porém, vale lembrar que não há distinção com relação à indicação da psicoterapia para quem gagueja ou para quem não gagueja.
Recomenda-se a psicoterapia para qualquer pessoa, independentemente de gaguejar ou não gaguejar, quando, se deseja se conhecer melhor ou ainda quando se busca enfrentar ou resolver algum conflito na relação consigo mesmo ou com os outros.